Esportes coletivos, como futebol e voleibol, costumam predominar nas aulas de educação física. Mas uma modalidade com baixa tradição nas escolas do país pode incrementar as atividades sem exigir espaços específicos ou muitos recursos: o atletismo. As quatro vertentes - marcha, corridas, saltos e arremessos - permitem fazer um trabalho individual ou coletivo com os alunos e em forma de brincadeira ou jogo, o que torna o esporte atraente e motivador.
Para Cecília Mariano, autora do livro Educação Física - O atletismo no currículo escolar (Wak Editora, 2012), o atletismo nas escolas há muito tempo vem sendo colocado em segundo plano, dando espaço aos jogos coletivos, talvez por ser um esporte culturalmente visto como individual e competitivo, o que não é necessariamente verdade. "É viável trabalhá-lo coletivamente através de jogos e brincadeiras, o que dá às modalidades ludicidade e prazer nas realizações e possibilita a participação de todos, sem exclusão. Em equipes, cada aluno pode contribuir com seus tempos, alturas, distâncias e lançamentos que, somados, resultem numa aprendizagem efetiva", explica Cecília.
Segundo a autora, da educação infantil ao ensino médio, é possível realizar qualquer modalidade do atletismo dentro da proposta de conhecer, brincar e jogar com o esporte. Isso inclui corridas (simples, de revezamento ou com obstáculos), saltos (em distância, em altura, triplo ou com vara), lançamentos e arremessos (de peso, martelo, dardo ou disco) e marcha atlética. Mas ela ressalta ser sempre necessário adaptar os espaços e os materiais para cada faixa etária. "Mais do que a mera exercitação de movimentos corporais isolados, por meio do atletismo a educação física pode trabalhar a cooperação e a interação entre os alunos, além da compreensão do esporte", diz Cecília.
Em São Sebastião (SP), a prática foi adotada com sucesso pela professora Mayara Fernandes Caetano na escola Municipal Professora Maria Virgínia Silva. Ela usou o mote da Olimpíada de Londres para incluir o atletismo na educação física. "Os alunos gostaram muito e sempre me perguntam quando iremos trabalhar esse esporte de novo", conta. Com criatividade, ela improvisou os espaços e materiais necessários. Levou os alunos para a areia da praia e lá realizou a parte de saltos, por exemplo. Já na corrida de revezamento, em vez de bastão, usou uma pequena bola. "O atletismo quase não exige recursos", afirma.
Em uma de suas turmas, do 1º ano, há duas alunas com necessidades especiais - uma com deficiência auditiva e malformação da mão e a
outra com múltiplos problemas físicos. "Ainda assim, elas participaram das atividades e os colegas ajudaram quando necessário", conta Mayara.
Como improvisar:
- Corridas de revezamento: os bastões podem ser feitos de cabo de vassoura ou cano PVC e blocos de partida construídos com tocos de madeira;
- Corridas com obstáculos e saltos: obstáculos podem ser caixas, tocos de madeira, bancos, cadeiras, brinquedos do parque ou pneus inteiros e cortados ao meio;
- Lançamentos: dardos feitos de cabo de vassoura ou varas de bambu; discos feitos com objetos redondos e chatos como tampas de panela, pratos de papelão ou plástico; martelo feitos de garrafas descartáveis ou sacos plásticos com areia;
- Arremessos: pesos montados com meias e areia; alvos feitos de madeiras, garrafas, latas, papelão e sacos;
- Saltos em altura: é possível usar elástico ou corda presos a suportes de madeira, bancos ou caixas para demarcar o limite de altura; colchões ou areia para a queda;
- Saltos com vara: varas de bambu.
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terça-feira, 7 de maio de 2013
Atletismo: poucos recursos e muita criatividade!
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